quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Para quem deve governar um prefeito?


É recorrente em períodos eleitorais alguns candidatos apresentarem uma dicotomia, entre o governante ruim que  governa para as elites (especialmente no sentido econômico) e o governante bom, a alternativa ao mal, aquele que governaria para os trabalhadores. Ora, na Câmara dos Vereadores, é compreesível que haja vereadores que desejem representar mais especificamente um setor da sociedade... geralmente, um enfermeiro irá se candidatar para lutar por melhoriais em hospitais e postos de saúde, a professora para batalhar por melhores condições de trabalho e estudo nas escolas, etc. Mas tal discurso não cabe em um candidato a Prefeitura. O Prefeito, na qualidade de chefe do Poder Executivo Municipal, deve ser o líder, aquele que governa (embora geralmente tenha sido votado pela maioria e não por unanimidade) em nome de todos os cidadãos do Município. Deve ser, no âmbito local, aquele que equilibra os vários componentes da Cidade, aquele que, embora represente um partido e sua bandeira, enquanto está a frente de seu gabinete, é o Prefeito de toda a Cidade, devendo governar para todos.
Claro que um Prefeito geralmente estará mais ligado a um grupo do que aos outros, mas deve ter sempre ciência (também deve tê-la o eleitor!) de que não é Prefeito somente dos coligados ou dos que o elegeram, mas de todo o Município, devendo portanto governar em proveito do Bem Comum e não ser um catalisador dos conflitos e divergências internas. Em sínetese: o Prefeito não deve ter uma mentalidade de "luta de classes" que, além de gritantemente anacrônica, nada faz além de dividir os cidadãos e aumentar as tensões. Nada resolve.
Essas reflexões me vieram a mente depois de ver em um debate um candidato a prefeito repetir inúmeras vezes que pretendia fazer um governo "para os trabalhadores". Ora, se uma oligarquia das elites é uma perversão da busca do Bem Comum na sociedade, igualmente o é uma demagogia do proletariado (se é que ainda se pode falar nesse termo, dado que nossa sociedade é muito mais complexa e heterogênea do que aquela da Revolução Industrial oitoscentista), demagogia essa que nada faz além de transformar os trabalhadores em massa de manobras do Estado e das ideologias.

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