sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O valor da família


Hoje na festa da Sagrada Família, lembremos que Jesus Cristo sendo Deus quis ao fazer-se homem nascer no seio de uma família humana. Como homem, Jesus deveria ensinar-nos o perfeito cumprimento dos mandamentos, dentre os quais o IV, honrar pai e mãe. Dos seus 33 anos de vida terrena, Jesus dedicou 30 deles a vida em família. Isto denota a importância que Deus dá a família, que Ele instituiu como base das comunidades e sociedades humanas. Hoje é um dia, portanto, para lembrarmo-nos do valor da família, célula mater da sociedade. A Igreja sempre defendeu a família, mas especialmente em nossos dias em que funestas ideologias tentam dar ao Estado os direitos e deveres inalienáveis da família!

“Precisamente porque a família é o elemento orgânico da sociedade, todo atentado perpetrado contra ela é um atentado contra a humanidade. Deus pôs no coração do homem e da mulher, como instinto inato, o amor conjugal, o amor paterno e materno, o amor filial. Por conseguinte, querer arrancar e paralisar este tríplice amor é uma profanação que por si mesma horroriza e leva à ruína a pátria e a humanidade”. (Papa Pio XII)


Sagrada Família de Nazaré, protegei e santificai todas as famílias do mundo!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

São Thomas Becket, mártir da Libertas Ecclesiae


Thomas Becket, Arcebispo da Cantuária, foi assassinado a golpes de espada e machado por 4 cavaleiros do rei Henrique II nos degraus da Catedral da Cantuária em 29 de dezembro de 1170, quando celebrava um ofício litúrgico. Acredita-se que a ordem do assassinato tenha partido do próprio rei da Inglaterra, haja vista que posteriormente o mesmo acabou fazendo penitência pública para expiar a culpa pela morte do santo arcebispo. Mas qual o motivo da morte de São Thomas Becket? A defesa intransigente da libertas Ecclesiae, da liberdade de atuação da Igreja. Com o crescimento da Santa Igreja, muitas vezes os poderes seculares buscaram destruir ou controlar a sua atuação. O rei Henrique II queria controlar o clero de seu reino e diminuir a influência da Sé Romana sobre o mesmo. São Thomas colocou-se ao lado dos direitos da Igreja, combatendo a política do monarca inglês e por isso acabou perdendo a vida.
Ainda hoje há muitos que desejam controlar ou liquidar a atuação da Igreja, sob a ideologia do laicismo, que visa esconder a profissão de fé religiosa ao âmbito privado. A Igreja, dizem, não poderia se imiscuir na política. Contudo, a Igreja tem o dever de pregar sempre a moral e a moral não se separa da política, haja vista que nossa conduta em qualquer âmbito deve ser regida pela moral. Hoje a Igreja continua sendo perseguida por combater as ideologias polítcas contrárias à dignidade humana, o laicismo, etc. E assim o será até a consumação do Século. Que pela intercessão de São Thomas Becket possa o Senhor conceder aos Bispos, aos demais clérigos e a todos os fiéis a fortaleza de servir antes a Deus que aos homens (At 5, 29)!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Herodes e o massacre dos inocentes


Herodes sabia que era impopular entre os judeus. Perto de sua morte, havia mandado matar um grupo de homens ilustres e notáveis de Jericó para garantir que houve luto na Judéia quando falecesse (Cf. Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas 17, cap. 6, v. 174-175). Por ter se tornado rei da Judéia por meio de guerras, intrigas e usurpação, Herodes vivia sob o temor de perder o trono que havia roubado dos monarcas da dinastia hasmonéia. Assim, as profecias sobre a vinda do Messias, o rei que Deus enviaria a Seu Povo, o perturbavam tremendamente. Ao ficar sabendo de rumores sobre o nascimento de Cristo por meio dos magos do Oriente, Herodes busca tramar o assassinato do recém-nascido. O plano frustrado, haja vista os magos não terem lhe informado sobre o achamento do rei nascido, irritou Herodes que, para garantir que seu potencial rival seria eliminado, mandou matar todos os meninos que tivessem de 2 anos de idade para baixo na cidade de Belém (Mt 2, 16-18). A Igreja honrou esses pequeninos como mártires, porque morreram no lugar de Cristo e o motivo de sua morte foi unicamente o ódio a Jesus. Mesmo com todo o abuso de seu poder, Herodes não conseguiu frustrar os desínignios da Divina Providência.
É triste, contudo, percebermos que a lógica de Herodes ainda vive em nossos tempos: para manter seu egoísmo, o homem é capaz de passar por cima de qualquer um. Vemos isso claramente nas ideologias políticas que com suas novas idolatrias (Estado, Raça, Nação, Povo, Bem-estar social) estão deturpando o conceito de Dignidade Humana e promovendo massacres de proporções maiores que o massacre levado a cabo pelos soldados de Herodes em Belém da Judéia. Herodes promoveu a matança para conservar seu poder ilegítimo: hoje os governos autorizam a matança para satisfazer a sede de prazer e comodismo de seus governados. A vida humana, que custou o sangue de Deus humanado, foi rebaixada ao valor de uma medíocre vivência de comodismo material. Defende-se hoje o aborto sob a bandeira da liberdade. Pode haver liberdade se o direito fundamental à vida, que é base de todos os demais, não for assegurado? Pode o inocente ser punido de morte? O espectro de Herodes nos rodeia, mas a Igreja continua seu martíro, seu testemunho, contra os homens que querem se colocar no lugar de Deus.
Hoje, em que lembramos o martírio dos inocentes de Belém, lembremo-nos também da vida humana e de seu valor. Rezemos para que Deus receba em seu seio as crianças abortadas e rezemos também pela conversão dos que perpetuam esses males. E continuemos combatendo as novas idolatrias e defender a dignidada da pessoa humana, criada à Imagem e Semelhança do único e verdadeiro Deus!

"Aqueles, enfim, que têm o supremo governo das nações e o poder legislativo não podem licitamente esquecer-se de que é dever da autoridade pública defender a vida dos inocentes com leis oportunas e sanções penais, tanto mais quanto menos se podem defender aqueles cuja vida está em perigo e é atacada, entre os quais ocupam, sem dúvida, o primeiro lugar as crianças ainda escondidas no seio materno. Se os magistrados públicos não só não defenderem essas crianças mas, por leis e decretos, as deixarem ou até entregarem a mãos de médicos ou de outros para serem mortas, lembrem-se de que Deus é juiz e vingador do sangue inocente, que da terra clama ao céu (Cf. Gn 4, 10)." (Papa Pio XI. Encíclica Casti Conubii, n. 67)


Santos Inocentes, rogai por nós!

Os Santos Inocentes em uma Iluminura Manuelina


Página do Livro de Horas do rei Dom Manuel I de Portugal (1495-1521), produzido em finais de seu reinado, representando o Massacre dos Santos Inocentes de Belém pelos soldados do rei Herodes.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Iluminuras de Natal

Iluminuras do Livro de Horas do Duque de Berry (les trés riches heures de Duc de Berry), c. 1410, retratando o Nascimento de Cristo (Folio 44v) e a Missa do dia de Natal (Folio 158r):



I Sermão de Natal de São Leão Magno: a alegria do Natal


"Caríssimos: Nasceu hoje o nosso Salvador; alegremo-nos. Porque não é permitido haver tristeza, quando nasce a vida, a qual acabando com o temor da morte, nos infunde a alegria com a promessa da eternidade. E ninguém é excluído da participação desta alegria. Todos têm igual motivo de se alegrarem, porque nosso Senhor, destruidor do pecado e da morte, assim como não encontrou ninguém livre de culpa, do mesmo modo veio a todos libertar. Exulte o Santo porque se aproxima do triunfo; alegre-se o pecador porque é convidado ao perdão; tenha ânimo o gentio, porque é chamado para a vida. Com efeito, o Filho de Deus, na plenitude do tempo estabelecido pela imperscrutável profundeza do conselho divino, assume, para reconciliar com o seu autor, a natureza do gênero humano, a fim de que o demônio inventor da morte fosse vencido por aquela natureza, que ele primeiro havia vencido. Ó grande mistério e admirável sacramento, verem os animais ao Senhor nascido deitado no presépio. Bem Aventurada a Virgem cujas entranhas mereceram trazer o Cristo Senhor. Ave Maria, cheia de graça, O senhor é contigo, Bem Aventurada."


Extraído de: http://promariana.wordpress.com/2010/12/24/sermao-de-sao-leao-papa-1%C2%BA-sermao-de-natal/

sábado, 24 de dezembro de 2011

O Deus-Menino: um sinal de contradição



Quando falamos em "presépio" ou "manjedoura", geralmente nos vêm a mente a imagem de nossos belos presépios, que nossas famílias preparam com tanto esmero e carinho e que os artistas, embebidos de devoção, fabricam com decoro. Contudo, isto às vezes nos desvia de atentarmos para um fato importante: Cristo nasceu em um presépio porque foi rejeitado. Jesus nasceu em um estábulo. A Arte Sacra visa acentuar a beleza e a transcendência do acontecimento do nascimento de Jesus, e por isso alguns aspectos não nos aparecem ao conteplarmos pinturas e esculturas da Natividade. Jesus nasceu em um estábulo porque foi rejeitado: ninguém teve um pequeno lugar para Ele em suas casas e mesmo nas hospedarias. Certamente, o estábulo que foi cedido para a Sagrada Família não era um lugar limpo e com acomodações para receber um casal e uma criança recém-nascida. Imagino o Deus-Menino tendo de nascer em meio aos odores desagradáveis dos excrementos dos animais, sem almofadas, esteiras ou camas para reclinar. São José e a Virgem tendo de improvisar montes de feno e palha para acomodar o pequeno Jesus na manjedoura, onde os animais daquele estábulo comiam.


Não obstante, a Natureza anuncia Sua chegada com o sinal da estrela para os pagãos do Oriente, os anjos cantam a Sua Glória como Deus Eterno. Alguns pastores de fora da cidade recebem o anúncio de um anjo para irem contemplar o grandioso mistério do Deus que se fez bebê. Apesar de todos esses feitos extraordinários, a vida em Belém da Judéia para ocorrer como se nada disso tivesse acontecido. Fora a visita dos pastores que receberam o anúncio do anjo, só veremos outras visitas depois: Simeão e Ana que o aguardavam em Jerusalém, os Magos que demoraram devido à distância da viagem: além da procura frustrada dos soldados de um inquieto Herodes temeroso de perder seu trono conquistado a custa de sangue. E eu sempre me pergunto: os anjos naturalmente só foram vistos pelos pastores, mas... ninguém mais viu aquela nova estrela a brilhar de forma maravilhosa e destacada sobre aquele estábulo em Belém?!

Aquelas pessoas provavelmente esperavam o Messias, mas o egoísmo, a indiferença ou mesmo o ódio impedia-as as de verem o que acontecia diante de seus olhos: ali, naquele estábulo, como haviam dito os Profetas acerca da feliz cidade de David, nascia o Redentor prometido ao povo de Israel, que congregaria sob seu cetro todas as Nações e povos da Terra.

Hoje, as coisas não mudaram tanto. Enquanto celebramos o Natal em nossas famílias, em nossas Igrejas... o mundo lá fora continua como se nada estivesse acontecendo. É verdade! Há luzes... há festa... mas é uma festa embriagada, da qual não se sabe mais o sentido e que já na manhã do dia 25 aparecerá como uma mera ressaca de uma farra de consumismo e prazer desordenado. Também aí a indiferença e o ódio se encontram. E a origem de ambos é o egósimo: os homens muito preocupados consigo mesmos não são capazes de ver as maravilhas de Deus operadas diante de seus olhos e, quando os sinais tornam-se demais evidentes, os homens passam a tratar as coisas de Deus com hostilidade, haja vista não poderem mais ficarem em sua cômoda indiferença. Em muitos lugares, o presépio tem sido visto com ódio, considerado uma coisa ofensiva às sensibilidades religiosas alheias. Ou à falta delas. Realmente diante de tanto ódio, de tanta inquidade, ofensivo mesmo é o Filho Eterno de Deus intrometer-se em nossa vida assumindo a natureza humana. A kenosis, o "rebaixamento" de Cristo que na sua humildade fez-se Homem continua a ser um escândalo para o mundo. Deus na Sua loucura superior a nossa vã sabedoria nos dá uma lição de humildade e deixa nosso egoísmo corado de vergonha: Deus sendo infinitamente perfeito de nada necessita, não necessita de nós homens. Contudo, por amor a nós e para nossa Salvação, desceu dos céus e encarnando-se no seio da Virgem Maria se fez homem.
O velho Simeão profetizara diante da Virgem que aquele Menino que ela carregava nos braços seria um sinal de contradição para muitos. Ele já o havia sido logo que nasceu e continuará sendo até o Fim dos Tempos, quando vier de novo em Sua Glória. Contudo, a indiferença e o ódio dos homens não frustam os desígnios da Divina Providência, pois o frágil Deus-Menino foi preservado e com Sua vida, Seu Sacrifício e Seu Mistério Pascal, consumou a obra da Redenção.
Que neste Natal não fiquemos indiferentes nem hostis ao Salvador que vem ao nosso encontro. Limpemos, pela graça dos sacramentos, o esterco dos pecados no estábulo de nossa alma para que possamos fazer de nós mesmos um abrigo para Jesus e assim anunciá-Lo para o mundo! Que seja o Deus-Menino sempre um sinal de contradição a desconcertar nosso egoísmo e convidarmo-nos a uma contínua conversão!


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Advento: expectativa e espera

Na Oração Eucarística da Missa fala-se da feliz esperança de aguardar a vinda do Cristo Salvador. Esta espera consiste no cerne da espiritualidade do tempo litúrgico do Advento. Nela, refletindo sobre o anseio dos Profetas e do povo hebreu pela vinda do Messias, que se encarnou nos tempos de César Augusto, somos convidados a cultivar a espera pela segunda vinda do Messias, na qual o Rei de Israel, elevará o Reino de Deus à Sua Plenitude. Igualmente, somos convidados a desejar e buscar a vinda do Salvador pela Graça em nossos corações e em nossas almas, para que, por nossa santidade possamos ser sinais do Reino de Deus, ao fazermos de nossos corações tronos para Jesus Cristo.
Nessa última semana de Advento, gostaria de propor para refletirmos a figura de 3 personagens do Novo Testamento que dão exemplo da feliz esperança da qual falamos acima.

Primeiramente, consideremos a figura da Virgem Maria. Maria foi a primeira a receber o anúncio do Anjo sobre a Encarnação de Cristo. Certamente o anjo a encontrara vigilante: a iconografia tradicional costuma representar a Virgem em oração ao receber a visita do anjo, mas, mesmo se considerarmos a forma com que habitualmente os filmes e artistas mais recentes a representaram, recebendo a visita do anjo durante seus afazeres domésticos, isso não compromete o fato de que a Virgem certamente fazia tais tarefas em espírito de vigília e oração. Os Evangelhos dizem que Maria guardava os acontecimentos no coração e meditava em seu íntimo acerca deles (Lc 2, 19). Disso podemos deduzir que ela meditava frequentemente sobre as palavras dos profetas e assim aguardava a realização das promessas do Altíssimo. Portanto, o espírito de oração e meditação deve ser o primeiro passo para nossa expectativa.

Depois da Virgem, os Evangelhos nos mostram também a figura de Simeão. Os Evangelhos nos dizem que este piedoso ancião esperava a consolação de Israel (Lc 2, 25). O relato de São Lucas diz-nos também que Simeão chegou ao Templo para adorar o menino Jesus guiado pelo Espírito Santo (Lc 2, 27). A simples vista do menino bastou-o para crer na obra da Redenção ao ponto de dizer a Deus já sentir-se seguro para partir em paz para a mansão dos mortos (Lc 2, 28-32). Portanto, a figura de Simeão nos recorda que devemos confiar nos planos da Divina Providência e nos abrir à ação do Espírito Santo em nossas almas.

Por fim, uma figura proposta fortemente pela Liturgia do Advento é a de São João Batista. Sua vida ascética no deserto de preparação para preparar os caminhos de Jesus, bem como sua pregação para levar o Povo de Israel à conversão nos recordam a dimensão prática de nossa bem-aventurada esperança: Devemos fortalecer nossa vida espiritual pela ascese, pela penitência, pelo sacrifício. E esta preparação nos dará forçar para cumprirmos nossa tarefa missionária de anunciar a vinda do Senhor para os demais.
Peçamos portanto a Deus, o zelo que animou a Virgem, Simeão e o Batista a aguardarem solícitos e vigilantes a primeira vinda do Salvador, para que possamos igualmente vigilantes prepar-nos e preparar nosso próximo para a segunda vinda de Cristo. E que, pela nossa santificação, possamos antecipar um pouco do Reino que virá em plenitude com a Parousia ao nos tornarmos sementes do Reino pela vida de santidade.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Breve exposição sobre a Imaculada Conceição da Ssma. Virgem Maria


Desde os primeiros tempos da Igreja, muitos Padres da Igreja propagaram a doutrina de que a Virgem Maria, em previsão dos méritos redentores de Cristo (para que pudesse ser digna de recebê-Lo em seu puríssimo seio) fora preservada de toda mancha do pecado original e de todo pecado. De fato, isto pode ser deduzido das palavras do Anjo na Anunciação que saudou a Virgem como kecharitomene, “cheia de Graça”, indicando que ela estava plena da Graça de Deus, de forma que não poderia haver pecado algum nela.

Vários Padres da Igreja ao mencionar seu santíssimo nome, adjetivaram-na de Imaculada e freqüentemente lhe aplicaram a expressão “Vaso insigne de devoção” para indicar que ela era um vaso sem defeito, digno de conter em seu interior o Santo Salvador. Consideravam que convinha à Virgem ser pura e imaculada para que fosse digna de ser Mãe do Santo e Imaculado Filho de Deus.

"O Cristo foi concebido e tomou o seu crescimento de Maria, a Mãe de Deus toda pura [...] Como o Salvador do mundo tinha decretado salvar o gênero humano, nasceu da Imaculada Virgem Maria" (Santo Hipólito de Roma, Bispo de Porto e Mártir, morto em 235).

"Esta Virgem Mãe do Unigênito de Deus chama-se Maria, digna de Deus, imaculada das imaculadas, sem par" (Origines, Homilia 1. Ano 280).

"Este menino não precisa de Pai na terra, porque tem um pai incorruptível no céu; não precisa de Mãe no Céu, porque tem uma Mãe Imaculada e casta na terra, a Virgem Bem-aventurada, Maria". (Orígines. Sermões sobre São José).

“Eu considero estar em conformidade com a razão que, com relação à pureza a qual consiste na caridade, Jesus foi o primeiro entre os homens, enquanto Maria foi a primeira entre as mulheres.” (Origenes, Comentário sobre Mateus. 10, 17).

"Tendo sido o primeiro homem formado de uma terra imaculada, era necessário que o homem perfeito nascesse de uma Virgem igualmente imaculada, para que o Filho de Deus, que antes formara o homem, reparasse a vida eterna que os homens tinham perdido" (Santo André, Cartas dos Padres de Acaia, exposição ao procônsul Egeu, atas do martírio de Santo André, século IV).

“Ele (Cristo) tomou-o (o corpo dEle) de uma Virgem pura e imaculada, a qual não conheceu homem.” (Santo Atanásio de Alexandria, falecido em 373, Tratado Da Encarnação do Verbo, 8)

"A Santíssima Senhora, Mãe de Deus, a única pura na alma e no corpo, a única que ultrapassa toda perfeição de pureza, a única morada de todas as graças do Santíssimo Espírito, e, portanto, excedendo qualquer comparação até mesmo com as virtudes angelicais em pureza e santidade de corpo e alma ... minha Senhora santíssima, puríssima, incorruptível, inviolada, prenda imaculada dAquele que se revestiu com luz e prenda ...flor que não murcha, púrpura tecida por Deus, a única imaculada" (Santo Éfrem, o Sírio, Diácono e Doutor, falecido em 373. «Precationes ad Deiparam», in Opp. Graec. Lat., III, 524-37).

"Maria, uma virgem não profanada, Virgem tornada inviolável pela graça, livre de toda mancha do pecado" (Santo Ambrósio de Milão, Sermão 22,30. Ano 317).

Igualmente, as antigas Liturgias orientais dos 4 primeiros séculos usam freqüentemente o adjetivo Imaculada ao mencionar a memória ou suplicar a intercessão da Mãe de Deus.

No século XV, o Papa Sixto IV instituiu a festa litúrgica da Imaculada Conceição com Missa e Ofício próprios, que logo tornou-se festa de preceito. No século XVII, o Papa Alexandre VII condenou os que sustentavam que a dita festa não celebrava propriamente a Imaculada Conceição da Virgem, mas somente sua santificação. O mesmo Pontífice igualmente condenou os que ensinassem contra a doutrina ou o culto da Imaculada Conceição.

Em 1854, o Papa Pio IX proclamou como dogma a doutrina da Imaculada Conceição da Mãe de Deus nos seguintes termos:

“A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.” (Bula Ineffabilis Deus, n. 41)

Por fim, a doutrina da Imaculada Conceição não anula o fato de que Jesus Cristo é redentor de toda a humanidade, haja vista que o privilégio singular da Imaculada Conceição de Maria Santíssima foi concedido por Graça de Deus em previsão dos méritos redentores de Cristo na Cruz, para que pudesse ser digna de receber o Filho de Deus em seu útero virginal.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O Advento e a Eucaristia


"Talvez você estranhe por que a Eucaristia ou o Sacramento da Reconciliação continuem a não lhe transformar, a não lhe trazer resultados visíveis. Pois importa dizer que a graça, para poder atuar, requer abertura e disponibilidade interior. Repare como a Igreja, na sua sabedoria, se esforça no ano litúrgico por nos preparar para o acolhimento das graças do Natal. A esse objetivo dedica as semanas do Advento, durante as quais reza incessantemente para que Jesus venha e desça à terra. "Que os céus, das alturas derramem o seu orvalho" (Is 45, 8), canta ela nas suas orações litúrgicas. A Igreja pretende que cresça em nós a fome de Jesus, a fome de Sua vinda. Quer que, no quadro do ano litúrgico, Jesus nasça de novo no decurso das celebrações do Natal e que venha até nós na medida em que dentro de nós cresça a fome e o desejo pela Sua vinda. As graças do Natal atuam no nosso coração na medida em que estamos preparados e abertos para recebê-las, ou seja, na medida da nossa fé. Se não vivermos o Advento e se não se espera Jesus, não se surpreenda que, de certa forma, o Natal se escape sem deixar em você qualquer rasto na alma.

Tal como a vinda de Jesus no Natal é precedida pela espera do Advento, a Sua vinda na Eucaristia deve igualmente ser antecedida pela espera. Jesus desce sempre de novo no altar para lá voltar a nascer. Esse nascimento sobre o altar deveria também ser precedido por um "advento" - o advento eucarístico. Este advento eucarístico é, antes de mais, uma atitude de fé, fé no amor de Jesus que o espera. Como é importante que creia que Jesus deseja vir ao seu coração, que é Ele que deseja a celebração da Eucaristia, que Ele anseia o momento da comunhão para Se dar plenamente a você, na maior fonte de graças: o Santíssimo Sacramento."

(Pe. Tadeusz Dajczer. Meditações sobre a Fé. São Paulo: Palavra e Prece, 2007. pp. 189-190)