sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Semente ou molho? Reflexão para o ano da Fé

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo comparou a Fé ao grão da mostarda, penso que alguns sempre tentaram a pensá-la como um molho de mostarda. Explico-me: a ação da semente ou grão é interior: cai no sulco da terra, germina e cresce, fixando raízes. A ação do molho, ao contrário, esparrama-se por cima do alimento a fim  de conferir-lhe um distinto sabor que contudo, não passa de um disfarçe e de mera exterioridade, não integrando-se ao alimento sobre o qual se derramou. Assim, podemos refletir sobre o Apostolado e o Triunfalismo.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Quem eram os magos do Evangelho II - novas considerações

Ano passado publiquei um post sobre os magos relatados no Evangelho de Mateus nas quais me baseava nas considerações de Walter Drum, na Enciclopédia Católica, que sustentava como hipótese mais provável a de que os magos seriam indivíduos pertencentes a uma antiga casta sacerdotal persa que, no reinado da dinastia dos Partos, integravam o conselho real. Tal hipótese era referendada por alguns testemunhos da Tradição que se referiam aos magos como vindos da Pérsia, bem como pela iconografia cristã da Antiguidade Tardia que sempre os representou com a indumentária persa (calças compridas, túnica curta, capa e e o tradicional gorro frígio).
Contudo, recenetmente tive contato com comentários exegéticos do Pe Ignacio de Nicolas, dos padres escolápios na qual o exegeta sustenta uma distinta hipótese: os magos pertenceriam ao povo dos árabes nabateus.[1] Pe. Ignacio argumenta que, se fossem persas, os magos teriam adentrado pela porta norte de Jerusalém, ao contrário dos Nabateus, que entrariam pelo Leste, de forma que poderiam ser mais facilmente identificados como visitantes "vindos do Oriente". Os Nabateus eram um povo de origem árabe, formando um reino próximo á Judéia. O reino dos nabateus teve relações comerciais com Herodes, embora tenha havido guerra entre Herodes e os nabateus em alguns momentos. Segundo o exegeta escolápio, os nabateus comercializavam mirra, incenso e ouro com os judeus, o que faria com que fosse mais provável os magos serem nabateus, dado os presentes oferecidos ao Menino Jesus terem sido ouro, incenso e mirra, que não eram produtos habitualmente comercializados pelos persas na região. De fato, alguns autores da Patrística sustentaram igualmente que os magos teriam provindo da Árabia ou alguma região próxima. A arte paleo-cristã, por outro lado, - ao menos no que as interpéries do tempo nos legou - , parece ter aderido unanimemente à possibilidade dos magos serem persas.
Parece-me, entretanto, que ambas as hipóteses são verossímeis. Se por um lado a hipótese do Pe. Nicolas explicaria melhor a questão dos presentes oferecidos, penso que a hipótese dos magos serem persas explicaria o temor de Herodes com a visita dos magos: basta lembrarmos que Herodes subiu ao poder como rei da Judéia em 37 a.C. destronando o monarca asmoneu Antígono, que era controlado pelo Império Parto. Não teria Herodes pensando que os magos, sendo persas, estariam buscando um outro rei, que fosse do agrado do Rei dos partos?
Mesmo não havendo consenso com relação à origem dos magos, o que importa acima de tudo é que este episódio nos mostra que Cristo veio inaugurar uma aliança para todos os povos, chamando os magos como primícias entre os povos gentios, mostrando que Deus guia todos os povos em direção do Seu Filho, Jesus.

Notas:
[1] O comentário do Pe. Ignacio pode ser encontrado aqui: http://xppascom.files.wordpress.com/2011/02/exegese-ano-a-mateus-domingo-da-epifania-mt-2-1-12.pdf