sexta-feira, 29 de abril de 2011

Santa Catarina de Sena e a Misericórdia Divina



Hoje, dia 29 de abril, a Igreja comemora a virgem e confessora Santa Catarina de Siena, da ordem terçeira dominicana. Como muitos estão fazendo a Novena à Divina Misericórdia em preparação para a a Festa da Divina Misericórdia que ocorrer sempre no II Domingo do Tempo Pascal (esse ano será no dia 1 de maio), trago aqui algumas belas palavras que Santa Catarina dirigiu à Misericórdia de Deus:




"Ó misericórdia, Pai, que procede da tua divindade e que, pelo teu poder, governa o mundo inteiro. Tua misericórdia nos criou, tua misericórdia nos recriou no sangue do teu Filho, tua misericórdia nos conserva. Foi ela que levou Jesus a atirar-se aos braços da cruz na batalha da vida contra a morte, da morte contra a vida. Então a vida venceu a morte do pecado, enquanto a morte que vem do pecado destruiu a vida física do Cordeiro sem manchas. Mas quem foi vencido? A morte! Quem o vencedor?Tua misericórdia.
[...]
Vejo que a misericórdia te obrigou a conceder mais coisas ainda aos homens: ficaste como alimento! Por sermos fracos, (a eucaristia) nos alimenta; por sermos faltosos e esquecidiços, nos recorda teus benefícios. Eis por que nos dás todo dia esse alimento, fazendo-te presente no sacramento do altar mediante a jerarquia da santa Igreja. Quem faz tudo isso? Tua misericódia.
Ó misericódia, afoga-se o meu coração ao pensar em ti! Para qualquer lado que me volte, só encontro misericórdia.
Ó Pai eterno, perdoa minha insensatez, pois tive a ousadia de falar na tua presença. Que teu misericordioso amor me alcance o perdão diante da tua bondade!" (Santa Catarina de Sena. O Diálogo, 13. Trad. Fr. João Alves Basílio, OP. São Paulo: Paulus, 2007. pp. 79-80.)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Primeira missa no Brasil

No dia 26 de abril de 1500, na praia da Coroa Vermelha, sul do litoral bahiano, foi celebrada pelo Frei Henrique de Coimbra, franciscano, uma missa solene e cantada de Oitava de Páscoa, a primeira Missa em terras brasileiras.

Que a Divina Providência permita que o Sacrifício Perfeito de Seu Filho, oferecido do nascer ao por do sol, em diversos tempos e lugares nos altares pelos sacerdotes da Santa Igrea, seja oferecido muitas e muitas vezes nesta terra, para que Cristo aqui reine e seja de fato o Brasil uma Terra de Santa Cruz!

domingo, 24 de abril de 2011

Homilia Pascal de São Gregório de Nazianzo


O Verbo de Deus, Aquele que existe desde toda a eternidade, Aquele que é invisível, incompreensível, incorpóreo, o Princípio que procede do Princípio, a Luz que nasce da Luz, a fonte da vida e da imortalidade, Aquele que é a expressão fiel do arquétipo divino, o selo inamovível, a imagem perfeitíssima, a palavra e o pensamento do Pai (Heb 1, 3), é o mesmo que vem em ajuda da criatura feita à sua imagem (Gn 1, 27), e por amor do homem Se faz homem. Assume um corpo para salvar o corpo e une-se a uma alma racional por amor da minha alma. Para purificar aqueles a quem Se tornou semelhante, fez-Se homem em tudo exceto no pecado… Aquele que enriquece os outros faz-Se pobre. Aceita a pobreza da minha condição humana para que eu possa receber as riquezas da sua divindade (2 Co 8, 9). Aquele que possui tudo em plenitude, aniquila-Se a Si mesmo, priva-Se por algum tempo da sua glória para que eu possa participar da sua plenitude.

Porquê tantas riquezas de bondade? Que significa para nós este mistério? Eu recebi a imagem divina, mas não soube conservá-la; agora Ele assume a minha condição humana, para restaurar a perfeição daquela imagem e dar imortalidade a esta minha condição mortal. Deste modo, estabelece conosco uma segunda aliança, mais admirável que a primeira. Convinha que o homem fosse santificado mediante a natureza assumida por Deus. Convinha que Ele triunfasse deste modo sobre o nosso tirano, que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e reconduzir-nos a Si pela mediação de seu Filho. E Cristo realizou, de fato, esta obra redentora para glória de seu Pai, que era o objetivo de todas as suas ações.
Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_gregorio_de_nazianzo_antologia.html

"Vistes aquele que o meu coração ama?"




É preciso calcular a força com que o amor tinha abrasado a alma desta mulher que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo quando os discípulos o tinham abandonado. Procurava aquele que não encontrava, chorava procurando-o e, abrasada pelo fogo do seu amor, ardia de desejo por aquele que ela julgava que tinham roubado. Por isso, foi a única a vê-lo, ela que tinha ficado para o procurar, porque a eficácia de uma boa obra leva à perseverança e a Verdade diz esta palavra: "Aquele que tiver perseverado até ao fim será salvo" (Mt 10,22)...

Porque a espera faz crescer os santos desejos. Se a espera os faz cair, é porque não eram verdadeiros desejos. Foi com um amor semelhante que arderam todos os que puderam atingir a verdade. É por isso que David diz: "A minha alma tem sede do Deus vivo: quando me encontrarei diante da face de Deus?" (Sl 41,3) E a Igreja diz também no Cântico dos Cânticos: "Estou ferida de amor" e, mais à frente: "A minha alma desfaleceu" (Ct 2,5). "Mulher, porque choras? Quem procuras?" Perguntam-lhe o motivo da sua dor, para que o desejo aumente, para que nomeando aquele que procura, ela torne mais ardente o seu amor por ele.

"Disse-lhe Jesus: Maria". Após a palavra banal de "mulher", ele chama-a pelo nome. Era como se dissesse: "Reconhece aquele que te conhece. Não te conheço de uma maneira geral, como a todas as outras; conheço-te de um modo pessoal". Chamada pelo nome, Maria reconhece então o seu Criador e chama-lhe imediatamente: "Rabunni, isto é, mestre", porque aquele que procurava exteriormente era o mesmo que lhe ensinara interiormente a procurá-lo.




São Gregório Magno. Homilias sobre os Evangelhos. Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_gregorio_magno_antologia.html

sábado, 23 de abril de 2011

Santo Agostinho: Sermão da Vigília Pascal





O bem-aventurado apóstolo Paulo, exortando-nos a que o imitemos, dá entre outros sinais de sua virtude o seguinte: “freqüente nas vigílias” [2Cor 11,27]. Com quanto maior júbilo não devemos também nós vigiar nesta vigília, que é como a mãe de todas as santas vigílias, e na qual o mundo todo vigia?

Não o mundo, do qual está escrito: “Se alguém amar o mundo, nele não está a caridade do Pai, pois tudo o que há no mundo é concupiscência dos olhos e ostentação do século, e isto não procede do pai” [1Jo 2,15].

Sobre tal mundo, isto é, sobre os filhos da iniqüidade, reinam o demônio e seus anjos. E o Apóstolo diz que é contra estes que se dirige a nossa luta: “Não contra a carne e o sangue temos de lutar, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores do mundo destas trevas” [Ef 6,12].

Ora, maus assim fomos nós também, uma vez; agora, porém, somos luz no Senhor. Na Luz da Vigília resistamos, pois, aos dominadores das trevas.

Não é, portanto, esse o mundo que vigia na solenidade de hoje, iras aquele do qual está escrito: “Deus estava reconciliando consigo o mundo, em Cristo, não lhe imputando os seus pecados” [2Cor 5,19].

E é tão gloriosa a celebridade desta vigília, que compele a vigiarem na carne mesmo os que, no coração, não digo dormirem, mas até jazerem sepultos na impiedade do tártaro. Vigiam também eles esta noite, na qual visivelmente se cumpre o que tanto tempo antes fora prometido: “E a noite se iluminará como o dia” [Sl 138,12]. Realiza-se isto nos corações piedosos, dos quais se disse: “Fostes outrora trevas, mas agora sois luz no Senhor”. Realiza-se isto também nos que zelam por todos, seja vendo-os no Senhor, seja invejando ao Senhor. Vigiam, pois, esta noite, o mundo inimigo e o mundo reconciliado. Este, liberto, para louvar o seu Médico; aquele, condenado, para blasfemar o seu juiz. Vigia um, nas mentes piedosas, ferventes e luminosas; vigia o outro, rangendo os dentes e consumindo-se. Enfim, ao primeiro é a caridade que lhe não permite dormir, ao segundo, a iniqüidade; ao primeiro, o vigor cristão, ao segundo o diabólico. Portanto, pelos nossos próprios inimigos sem o saberem eles, somos advertidos de como devamos estar hoje vigiando por nós, se por causa de nós não dormem também os que nos invejam.

Dentre ainda os que não estão assinalados com o nome de cristãos, muitos são os que não dormem esta noite por causa da dor, ou por vergonha. Dentre os que se aproximam da fé, há os que não dormem por temor. Por motivos vários, pois, convida hoje à vigília a solenidade (da Páscoa), Por isso, como não deve vigiar com alegria aquele que é amigo de Cristo, se até o inimigo o faz, embora contrariado? Como não deve arder o cristão por vigiar, nessa glorificação tão grande de Cristo, se até o pagão se envergonha de dormir? Como não deve vigiar em sua solenidade, o que já ingressou nesta grande Casa, se até o que apenas pretende nela ingressar já vigia?

Vigiemos, e oremos; para que tanto exteriormente quanto interiormente celebremos esta Vigília. Deus nos falará durante as leituras; falemo-lhe também nós em nossas preces. Se ouvimos obedientemente as suas palavras, em nós habita Aquele a quem oramos.

Fonte: http://cocp.50webs.com/fixas/sermvpasc.htm

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Lembrete: hoje é dia de jejum e abstinência!

Hoje, Sexta-Feira da Paixão, devemos cultivar o jejum e abstermo-nos de carne como penitência e em memória dos sofrimentos de Nosso Redentor na Cruz.

Para as normas sobre o jejum e abistinência, vide: http://civilitaschristiana.blogspot.com/2011/03/lembrete-amanha-e-dia-de-jejum.html
e

A Nação nascida aos pés da Cruz



Hoje, dia 22 de abril, comemoramos o Descobrimento do Brasil. Em 22 de abril de 1500, os portugueses avistaram as terras que hoje correspondem ao Estado da Bahia e ali iniciaram o contato com os povos indígenas que ali habitavam, e um tempo depois, iniciaram o processo de colonização e evangelização dessas terras. Mas não é isso que me interessa tratar aqui. Continuemos.


Sabemos que a formação da Nação brasileira é resultante de um longo processo histórico. As nações não pré-existem, nem são criadas ex nihilo, mas se forma através de processos históricos, através de determinados povos. A formação da Nação brasileira, pois, inicia-se coma colonização portuguesa. E foi por meio da colonização portuguesa que inicou-se também o processo de evangelização dos povos indígenas que habitavam as terras brasílicas (a quem desejar saber mais sobre os primeiros 52 anos da Igreja no Brasil, indico a seguinte obra: KUHNEN, Alceu. As Origens da Igreja no Brasil: 1500-1552. Bauru: EDUSC, 2005). Um fato marcante nesse início do contato dos portugueses nesta terra foi a primeira Missa celebrada em terras brasileiras, pelo Frei Henrique de Coimbra. Foi, segundo os relatos, uma solene missa cantada, haja vista que a data era a celebração da Oitava da Páscoa. E, embroa os indígenas não entendessem o que era a Missa, nem o que dizia o texto litúrgico, pela sutileza e sacralidade dos gestos e dos ritos, perceberam se tratar de algo sagrado. E essa Missa fora celebrada sob uma Cruz de madeira plantada na terra. É como se estivessem consagrado a Deus aquela terra recém-descoberta por eles. Assim, nossa Nação nascia aos pés da Cruz e recebera como sue primeiro nome o nome de Terra de Santa Cruz.


Que hoje, que também relembramos a Paixão e Morte de Nosso Senhor e Salvador, possamos pedir a graça de que a Fé católica floreça em nossa Pátria, a fim de que ela possa ser fiel ao seu primeiro nome e ser realmente uma Terra de Santa Cruz. Que o nosso sinal seja a Santa Cruz, o estandarte real, como canta a Igreja no hino Vexilla Regis. Que pelo sinal da Santa Cruz, seja o Senhor amado e adorado nesta terra e que por este mesmo sinal ele reine em nossos corações, nossas famílias, em nossas instituições e em nossa sociedade!


Crucem tuam adoramus Domine et sanctam resurrectionem tuam laudamus et glorificamus: ecce enim propter lignum venit gaudium in universo mundo.

São João Crisóstomo: A Cruz e o ladrão arrependido





«Senhor, lembra-te de mim quando vieres inaugurar o teu reino». O ladrão não ousou fazer esta prece sem antes, pela confissão, se ter libertado do fardo dos pecados. Vê bem, cristão, a força da confissão. Ele confessou os pecados e o paraíso abriu-se-lhe; confessou os pecados e ganhou confiança bastante para pedir o reino dos céus, depois de tantos roubos cometidos…

Queres conhecer o Reino? Que vês portanto aqui que se lhe assemelhe? Tens debaixo dos olhos os pregos e uma cruz, mas essa cruz, dizia Jesus, é o próprio sinal do Reino. E eu, ao vê-Lo na cruz, proclamo-O Rei. Não é próprio de um rei morrer pelos seus súbditos? Ele próprio o disse: «O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas» (Jo 10, 11). Isto é igualmente verdade para um bom rei: também ele dá a vida pelos seus súbditos. Proclamá-Lo-ei portanto Rei por causa da dávida que fez da sua vida: «Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino».

Compreendes agora que a cruz é o sinal do Reino? Eis outra prova. Cristo não deixou a sua cruz na terra, ergueu-a e levou-a com Ele para o céu. Sabemo-lo porque Ele a terá junto de Si quando voltar pleno de glória. Para perceberes o quanto esta cruz é digna de veneração, repara em como Ele a tomou como um título de glória […], Quando o Filho do homem vier, «o sol escurecerá e a lua perderá o brilho». Reinará então uma claridade tão viva que até os astros mais brilhantes se eclipsarão. «As estrelas cairão do céu. Aparecerá então no céu o sinal do Filho do homem» (Mt 24,29ss). Vês bem a força do sinal da cruz? […] Quando um rei entra numa cidade, os soldados pegam nos estandartes, içam-nos aos ombros e marcham à sua frente para anunciar a chegada régia. De igual modo, legiões de anjos precederão a Cristo, quando Ele descer do céu. Trarão aos ombros esse sinal anunciador da vinda do nosso Rei.


São João Crisóstomo. Homilia sobre a cruz e o bom ladrão, 1, 3-4. Fonte: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_joao_crisostomo_antologia.html

São Leão Magno: 8ª homilia sobre a Paixão






«Uma vez erguido da terra, atrairei tudo a mim» (Jo 12,32).




Oh poder admirável da cruz! Oh glória inefável da Paixão! Ali se encontra o tribunal do Senhor, ali o julgamento do mundo, ali o poder do crucificado!

Tudo atraíste a ti, Senhor, e quando, «durante um dia inteiro, estendias as tuas mãos a um povo incrédulo e rebelde» (Is 65,2; Rm 10,21) todos receberam a inteligência para confessar a tua majestade.

Tudo atraíste a ti, Senhor, porque todos os elementos da natureza pronunciaram a sua sentença..., a criação inteira recusou servir os ímpios (Mt 27,45s).

Tudo atraíste a ti, Senhor, porque, quando o véu do Templo se rasgou, o símbolo do Santo dos Santos manifestou-se verdadeiramente... e a Lei antiga conduziu ao Evangelho.

Tudo atraíste a ti, Senhor, a fim de que o culto de todas as nações seja celebrado por um sacramento pleno, finalmente manifestado...

Porque a tua cruz é a fonte de todas as bênçãos, a origem de todas as graças. Da fraqueza da cruz, os crentes recebem a força; do seu opróbrio, a glória; da tua morte, a vida.

Com efeito, agora a diversidade dos sacrifícios chegou ao fim; a oferenda única do teu corpo e do teu sangue consome todas as diferentes vítimas oferecidas no mundo inteiro, porque tu és o verdadeiro Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo (Jo 1,29). Tu completas em ti todas as religiões de todos os homens para que todos os povos não sejam mais do que um só Reino.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

"O Pão que Eu hei-de dar é a Minha Carne, pela vida do mundo"




São João Crisóstomo. Homilias sobre a a 1ª Epístola aos Cotíntios, n. 24. Extraído de: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_joao_crisostomo_antologia.html





“Nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1 Cor 10, 17). O que é o pão que comemos? O Corpo de Cristo. Em que se transformam os comungantes? No Corpo de Cristo, não numa multidão, mas num único Corpo. Assim como o pão, constituído por muitos grãos de trigo, é um único pão no qual desaparecem os grãos, assim como os grãos subsistem nele, sendo contudo impossível detectar o que os distingue em massa tão bem ligada, assim também nós, juntos e com Cristo, formamos um todo. Com efeito, não é de um corpo que se alimenta determinado membro, alimentando-se outro membro de outro corpo. É o mesmo Corpo que a todos alimenta. E é por isso que o apóstolo Paulo salienta que “todos participamos do mesmo pão”.

Pois bem, se participamos todos do mesmo pão, se nos tornamos todos esse mesmo Cristo, por que não demonstramos a mesma caridade? […] Era o que acontecia no tempo dos nossos pais: “A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma” (Act 4, 32). Mas tal não acontece no presente; pelo contrário. E, contudo, homem, Cristo veio procurar-te, a ti que estavas tão longe dele, para se unir a ti. E tu não queres unir-te a teu irmão? […]

Com efeito, Ele não se limitou a dar o seu corpo; mas, porque a primeira carne, tirada da terra, estava morta pelo pecado, introduziu nela, por assim dizer, outro fermento, a sua própria carne, da mesma natureza que a nossa mas isenta de todo o pecado, cheia de vida. O Senhor distribuiu-a por todos a fim de que, alimentados por esta carne nova, possamos, em comunhão uns com os outros, entrar na vida imortal.

"Onde queres que façamos os preparativos para a refeição pascal?"



São Gregório de Nazianzo. Sermão 45, 23-24. Extraído de: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_gregorio_de_nazianzo_antologia.html




Vamos participar na festa da Páscoa. Voltaremos a fazê-lo de maneira simbólica, mas já de maneira mais clara do que sob a antiga Lei, porque essa Páscoa era, se assim ouso exprimir-me, uma imagem obscura do próprio símbolo. […]

Participemos nesta festa ritual de maneira evangélica, e não literária, de maneira perfeita, e não inacabada, em atitude de eternidade, e não de instante. Tomemos como capital, não a Jerusalém terrena, mas a cidade celeste, não a que é hoje esmagada aos pés pelos exércitos, mas a que é glorificada pelos anjos. Não sacrifiquemos os jovens touros e os novilhos com chifres e unhas (Sl 68, 32), mais mortos do que vivos e desprovidos de inteligência, mas ofereçamos a Deus um sacrifício de louvor (Sl 49, 14), no altar celeste e em união com os coros do céu. Afastemos o primeiro véu, avancemos até ao segundo, ergamos o olhar para o Santo dos Santos. Direi antes: imolemo-nos a nós próprios a Deus; melhor, ofereçamos-Lhe diariamente todas as nossas acções. Aceitemos tudo por causa do Verbo. Subamos com pressa até à cruz, cujos cravos são doces, ainda que sejam extremamente dolorosos. Mais vale sofrer com Cristo e por Cristo, do que viver em delícias com outros.

Se fores Simão de Cirene, toma a cruz e segue Cristo. Se fores crucificado com Ele como um ladrão, faz como o bom ladrão: reconhece a Deus. […] Se fores José de Arimateia, reclama o corpo a quem o mandou crucificar; faz tua a purificação do mundo. E, se fores Nicodemos, o servidor nocturno de Deus, vem depositar este corpo no túmulo e perfumá-lo com mirra. E se fores Maria, ou Salomé, ou Joana, chora desde o começo do dia. Sê a primeira a ver a pedra do túmulo afastada, talvez mesmo os anjos, ou o próprio Jesus.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Abraão viu o meu dia e rejubilou!"



Dos escritos de Santo Ambrósio de Milão, Bispo e Doutor da Igreja (séc. IV). Extraído de: http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_ambrosio_de_milao_antologia.html





«Deus disse a Abraão: Toma o teu filho bem-amado, esse Isaac que acarinhaste; parte para a montanha e lá mo oferecerás em holocausto» (Gn 22,2). Isaac prefigura Cristo que vai sofrer: vem sobre uma burra...

Quando o Senhor veio sofrer por nós na sua Paixão, soltou o jumento de junto da burra e sentou-se nela... Abraão disse aos servos: «Já voltaremos para junto de vós»; sem que ele o soubesse, isto era uma profecia... Isaac carregou a lenha e Cristo levou a própria cruz. Abraão acompanhava o seu filho; o Pai acompanhava Cristo. Na verdade, ele diz: «Deixar-me-eis só, mas eu não estou só; o Pai está comigo» (Jo 16,32). Isaac diz a seu pai...: «Está aqui a lenha, onde está o cordeiro para o holocausto?» São palavras proféticas, mas ele não o sabe; com efeito, o Senhor preparava um Cordeiro para o sacrifício. Também Abraão profetizou ao responder: «Deus proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho»...

«O anjo diz: 'Abraão, Abraão!... Não ergas a mão sobre o menino, não lhe faças mal; porque agora sei que temes a Deus, tu que não poupaste o teu filho bem-amado por minha causa (cf. Rm 8,32)... Abraão levantou os olhos e viu: estava ali um carneiro suspenso pelos cornos num arbusto». Porquê um carneiro? É o que tem mais valor em todo o rebanho. Porquê suspenso? Para te mostrar que não era uma vítima terrestre... O nosso corno, a nossa força, é Cristo (Lc 1,69), que é superior a todos os homens, tal como lemos: «És o mais belo dos filhos dos homens» (Sl 44,3). Só ele foi erguido da terra e exaltado, como no-lo ensina com estas palavras: «Eu não sou deste mundo; sou do alto» (Jo 8,23) Abraão viu-o neste sacrifício, apercebeu-se da sua Paixão. É por isso que o Senhor diz dele: «Abraão viu o meu dia e rejubilou». Ele apareceu a Abraão, revelando-lhe que o seu corpo sofreria a paixão pela qual resgatou o mundo. Indica mesmo o tipo de Paixão ao mostrar o carneiro suspenso; aquele arbusto é o braço da sua cruz. Erguido sobre esse madeiro, o guia incomparável do rebanho tudo atraiu a si, para por todos ser conhecido.

terça-feira, 19 de abril de 2011

6 anos de pontificado de Bento XVI!



Hoje, o Papa Bento XVI completa 6 anos de pontificado. Rezemos para que o Senhor sempre conceda ao Romano Pontífice as graças necessárias para que possa exercer seu ofício de apascentador do rebanho de Cristo com fortaleza e caridade. Bendigamos igualmente ao Senhor por haver nos dado um pastor!









V. Oremus pro pontifice nostro Benedicto.

R. Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.


Deus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Benedictum, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam. Per Christum, Dominum nostrum. Amen.

domingo, 17 de abril de 2011

Imagem medieval para procissão de Ramos


Imagem alemã de cerca de 1480 em madeira, usada para procissões no Domingo de Ramos. Retrata Nosso Senhor Jesus Cristo montando o jumento.

Santo Epifânio: 1ª homilia para o Domingo de Ramos


Santo Epifânio de Salamina (? - 403), bispo


«Eis o teu Rei que vem a ti, humilde, montado sobre um jumento, filho de uma burra» (Za 9,9)





«Rejubila, Filha de Sião»; enche-te de alegria, Igreja de Deus; «Eis que o teu rei vem a ti» (Za 9, 9). Avança ao seu encontro, apressa-te a contemplar a sua glória. Eis aí a salvação do mundo: Deus dirige-se para a cruz, o Desejado das nações (Ag 2, 7) faz a sua entrada em Sião. A luz aproxima-se; gritemos com o povo: «Hosana ao Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor». O Senhor Deus apareceu-nos, a nós que estávamos sentados nas trevas e na sombra da morte (Lc 1, 79). Ele apareceu, ele que é a ressurreição dos que caíram, a libertação dos cativos, a luz dos cegos, a consolação dos aflitos, o descanso dos fracos, a fonte para os sedentos, o vingador dos perseguidos, o resgate dos que estão perdidos, a união dos divididos, o médico dos doentes, a salvação dos transviados. Ontem, Cristo ressuscitava Lázaro dos mortos; hoje, avança para a morte. Ontem arrancava Lázaro às faixas que o ligavam; hoje estende as mãos aos que o querem amarrar. Ontem, arrancava aquele homem às trevas; hoje, para os homens, ele mergulha nas trevas e na sombra da morte. E a Igreja está em festa. Começa a festa das festas, porque recebe o seu rei como um esposo, porque o seu rei está no meio dela.

sábado, 16 de abril de 2011

Feliz aniversário, Papa Bento XVI!!!!


Hoje, o Romano Pontífice, Papa Bento XVI, comemora o 84º ano de seu natalício. Salve, Santo Padre! Vivas tanto ou mais que Pedro! Nossas mais sinceras Felicitações, Santo Padre!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O dever sagrado da intransigência


A primeira leitura da Missa de hoje do livro do Profeta Daniel nos relata o caso dos três jovens hebreus que se recusaram a cumprir o ímpio decreto de Nabucodonosor, rei dos caldeus e da Babilônia, que obrigava que todos se prostrassem em adoração diante de uma estátua de ouro do rei toda vez que fosse tocado o sinal pelas cítaras, saltérios e trombetas. Diante da firme intransigência dos três jovens, o rei encolerizado ordenou que estes fossem jogados em uma fornalha ardente. Então, a Escritura relata que os três jovens caminhvama livremente dentro da fornalha, acompanhados por um anjo, bendizendo a Deus com o hino Benedicite que a Igreja canta nas Laudes do Ofício Divino. Ao ver o que se passara, o rei pasmado acaba por expressar admiração pela fortaleza e fidelidade dos jovens hebreus, bem como bendiz a Deus que libertou seus servos da morte.


Chama-nos atenção a resposta que os ditos jovens deram ao rei quando neagaram-se a adorar o ídolo sacrílego: “Não há necessidade de te respondermos sobre isto: se o nosso Deus, a quem rendemos culto, pode livrar-nos da fornalha de fogo ardente, ele também poderá libertar-nos de tuas mãos, ó rei. Mas, se ele não quiser libertar-nos, fica sabendo, ó rei, que não prestaremos culto a teus deuses e tampouco adoraremos a estátua de ouro que mandaste fazer” (Dn 3, 16-18). Os três jovens simplesmente colocaram a fidelidade a Deus acima de tudo, confiando-se em Sua Providência sustenando que não trairiam o Deus verdadeiro mesmo que Ele não os livrasse da morte. Pois o que importa acima de tudo é a conservação da Fé e da Vida da Graça, que é o que nos conduz à Vida Eterna. Quando a fidelidade a Deus é ameaçada, devemos cultivar uma santa intransigência, tal como São Pedro e São João fizeram diante do Sinédrio confessando que "importa mais obedecer a Deus que aos homes". Sobretudo nos dias de hoje, diante da Cultura de Morte cada vez mais forte, devemos nos negar firmemente qualquer tipo de culto a esse Moloch moderno a quem os abortistas e hedonistas imolam seus filhos. A este Moloch nossa repulsa deve ser total, não devendo queimar-lhe um único grão de incenso sequer.


Coinscidentemente hoje a Igreja celebra a memória de Santo Hermenegildo, príncipe hispano-visigodo que fora aprisionado por seu pai, o herético ariano rei Leovigildo. Na Véspera Páscoa do ano de 585, o rei lhe enviou um bispo ariano para administrar-lhe a comunhão eucarística em sinal de reconciliação. Mas o santo príncipe em fidelidade a Fé Católica recusou-se a receber aquela comunhão sacrílega (posto que havia sido consagrada e administrada pelas mãos de um herético) e por isso foi decapitado por ordem do pai, recebendo assim a coroa do martírio (Cfr. São Gregório Magno. Dialogi, III, 31). Podemos dizer que a fidelidade de Santo Hermenegildo fora ainda maior que a dos três jovens do Antigo Testamento, posto que o príncipe visigodo teve de fato que renunciar a sua vida para conservar a fidelidade a Deus.


No Evangelho de hoje, Nosso Senhor nos exorta a sermos fiéis e que somente permanecendo na Verdade que é Cristo é que seremos livres: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e co­nhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8, 31-31). Seremos verdadeiramente livres quando crermos e confiarmos em Cristo, entregando-nos à Sua Vontade, então nada temeremos, pois sabemos que Cristo é a verdadeira Vida, sob a qual ninguém tem poder. Esta Verdade que é Cristo devemos confessá-La integralmente, com a nossa inteligência (crendo e prestando culto), com nossa vontade (praticando boas obras e dando bom exemplo) e com nossa sensibilidade (ordenando-a pelo sacrifício e pela vida de oração). Portanto, peçamos a Deus a graça da fortaleza e da fidelidade constantes, para que neguemos com sagrada e firme intransigência a todos os ídolos modernos (o aborto, eugenia, eutanásia, promiscuidade, relativismo, hedonismo, laicismo, materialismo) sem temermos as ciladas dos inimigos de Deus, pois se perdemos a nossa vida por causa do Reino de Deus, nós a ganharemos.


Benedicite spiritus et animae iustorum Domino benedicite sancti et humiles corde Domino.

domingo, 10 de abril de 2011

Cristo é a ressurreição e a vida


É durante um intervalo de Sua caminhada rumo a Jerusalém para sofrer a Paixão que Jesus opera o milagre da Ressurreição e Lázaro. No relato do Evangelho, vemos que Cristo expressa em diálogo com Deus Pai o desejo de operar aquele milagre publicamente para que os judeus pudessem crer que Jesus procedia do Pai. Jesus realiza esse milagre igualmente para lembrar, escpecialmente aos apóstolos, que Ele é a Ressurreição e a Vida. Por mais que passemos por adversidades e que aparentemente tudo possa estar perdido, se estivermos unidos a Cristo, seremos vitoriosos com Ele e com Ele viveremos para sempre.

Jesus Cristo é Deus, consubstancial ao Pai e ao Espiritio Santo. Fez-se homem para nossa Salvação. Unido-se à nossa vida carnal, faz-nos partícipes de Sua Vida, da Vida Eterna. Jesus é o Senhor da Vida, a Ele pertence o dar e o tirar a Vida. Ele tem pleno poder sobre a Vida e quer que todos cheguemos à Vida Eterna com Ele. Lembremo-nos disso especialmente nos momentos difíceis e peçamos a Cristo a Graça de confiarmos sempre nEle.


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domingo, 3 de abril de 2011

Do valor da Ave Maria


"A Ave Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai Nosso: É a saudação mais perfeita, que podeis fazer a Maria, pois é a saudação que o Altíssimo lhe fez por meio de um Arcanjo, para ganhar o coração da Virgem de Nazaré. E tão poderosas foram aquelas palavras, pelo encanto secreto que contêm, que Maria deu seu pleno consentimento para a Encarnação do Verbo, apesar de sua profunda humildade. É por esta saudação que também vós ganhareis infalivelmente seu coração, contanto que a digais como deveis... isto é, com atenção, devoção e modéstia". (São Luis Maria Grignon de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, § 252, 253)

Alegria e Felicidade, por Paulo VI

“Como se sabe, existem diversos graus de «felicidade». A sua expressão mais elevada é a alegria ou «felicidade» no sentido estrito da palavra, quando o homem, no nível das suas faculdades superiores, encontra a sua satisfação na posse de um bem conhecido e amado [...]. Com muito mais razão chega ele a conhecer a alegria e a felicidade espiritual quando o seu espírito entra na posse de Deus, conhecido e amado como bem supremo e imutável[...] A sociedade técnica conseguiu multiplicar as ocasiões de prazer, mas é-lhe muito difícil engendrar a alegria, pois a alegria provém de outra fonte: é espiritual. Muitas vezes, não faltam, com efeito, o dinheiro, o conforto, a higiene e a segurança material; apesar disso, o tédio, o mau humor e a tristeza continuam infelizmente a ser a sorte de muitos” (Papa Paulo VI. Exort. Apost. Gaudete in Domino, 9-V-1975, 1)