quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Por Dr. Rafael Vitola Brodbeck, Delegado de Polícia
Dia desses, escrevi o seguinte, em inglês, a amigos dixies (sulistas americanos, herdeiros da tradição dos confederados da Guerra Civil), sobre nossa semelhança com eles:

A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma guerra civil entre o Império e o Rio Grande do Sul, o qual tem uma cultura própria, a cultura gaúcha, a mesma que na Argentina e Uruguai. O Rio Grande tem uma identidade própria, muito semelhante ao do sul dos Estados Unidos, e totalmente diferente do resto do Brasil. Nós, no Rio Grande do Sul, falar português mas com sotaque espanhol e palavras em espanhol, nossas danças, música, comida e roupas são argentino / uruguaio. Aqui, temos temperaturas frio e da neve, ao contrário do Brasil. Nós, no Rio Grande do Sul, adoramos a nossa bandeira - que é a mesma usada na Revolução Farroupilha - talvez até mais do que a bandeira brasileira, assim como as dixies fazer com a sua bandeira confederada.

Até hoje, comemoramos a Revolução com festas, desfiles a cavalo, trajes típicos, honrando os nossos generais e os heróis do Rio Grande, a cada ano. E reencenamos batalhas em nossos sítios históricos. Rio Grande do Sul e sul dos Estados Unidos são gêmeos.

O mesmo ocorre na Argentina e no Uruguai, ao celebrar Artigas, Urquiza, San Martin, Mitre, em suas guerras intestinas e na independência das províncias do Prata.

Havia várias correntes de pensamento na Revolução. E a de Garibaldi, embora importante, era uma minoria. É uma "legenda negra" o ideal maçônico da Revolução Farroupilha. Os maçons estavam também no Império (lembre-se D. Vital?)... E havia católicos na Farroupilha. Sim, o Império não era um tirano "per se", mas com o centralismo (com o iluminista D. Feijó na Regência) e o anti-federalismo do Segundo Império, com muitos impostos, havia se tornado um.

Havia maçons entre os farroupilhas, como os havia no Império. Grande parte dos líderes farroupilhas (como o principal, o Gen Bento Gonçalves) eram conservadores e ao menos simpatizantes da monarquia (Bento Gonçalves apenas TOLEROU a independência feita pelo Gen. Netto na sua AUSÊNCIA - eis que estava preso - e mesmo assim para chamar a atenção do Império contra os altos impostos).

O inimigo dos farroupilhas não era o Imperador Pedro II, mas Feijó e os pseudo-conservadores e centralistas. O objetivo do Revolução não foi necessariamente a implantação da república, mas do federalismo. O epíteto de "liberal" em Farroupilha não foi ao estilo maçônico, necessariamente, mas contra o centralismo e a favor do federalismo - à semelhança dos "federales", herdeiros do uruguaio Artigas, nas guerras intestinas argentinas contra os unitários.

Bento Gonçalves, em 1835, disse respeitar o juramento que tinha feito ao código sagrado, ao trono e à manutenção da integridade constitucional do Império. Em princípio, portanto, a revolta não era um caráter separatista, mas se dirigia contra o Presidente da Província do Rio Grande e contra o Comandante das Armas.

Os farroupilhas queriam paz e estavam prontos para se juntar ao Exército Imperial, no qual lutaram bravamente na Guerra do Paraguai. Os herdeiros dos farroupilhas foram os maragatos na Revolução Federalista de 1895 contra a República maçônica e positivista. E alguns dos maragatos eram pró-monarquia e queriam restaurar o Império. O federalismo do maragatos foi o mesmo dos farroupilhas.

De fato, Bento Gonçalves foi um dos entusiastas do Tratado do Ponche Verde, que fez a paz com o Império. A separação nunca foi o objetivo da maioria dos farroupilhas, mas, como escrevi, a luta contra a Regência, o centralismo e a "taxation with no representation". Eu sou um monarquista e também um farroupilha. Recusando, de fato, a ajuda de argentinos e uruguaios, o general David Canabarro, herói farrapo e amigo de Bento Gonçalves, disse: "Com o sangue do primeiro castelhano a cruzar a fronteira, assinaremos a paz com o Império." A luta foi pelo federalismo, não necessariamente contra o Brasil. Aliás, anos mais tarde, os mais bravos soldados do Brasil na guerra contra o Paraguai, foram farroupilhas antigos ou os seus filhos.

As duas novas repúblicas da Guerra dos Farrapos foram transitórias, para forçar o Império a rever os impostos e implantar o federalismo real (como os maragatos, mais tarde). Mas, sim, havia infiltração maçônica, mas os "pedreiros-livres" estavam também entre os militares do Império, com yankees, com os confederados etc.

Outras informações: a Constituição da República Riograndense, inaugurada pela Revolução Farroupilha, previa a Igreja Católica Romana como a religião oficial do Estado; os principais eventos foram celebrados nas igrejas paroquiais, onde eles cantaram o Te Deum; Bento Gonçalves utilizou as lojas maçônicas como um lugar de conspiração para o seu segredo, mas ele mesmo não era maçom proeminente, nem tinha comunhão com os ideais carbonários - como Garibaldi tinha; Bento Gonçalves mandava celebrar a Missa de Requiem para as almas dos farroupilhas e INIMIGOS IMPERIAIS mortos em campos de combate, e venerava os sacerdotes, não permitindo, além disso, que as igrejas protestantes tinham aspecto exterior da igreja; havia capelães oficiais com o Exército dos farrapos; a maioria do clero católico apoiou a Revolução; Pe. Chagas foi declarado como vigário apostólico por Bento Gonçalves, invocando o direito do Padroado, e foi solicitada a confirmação do Papa, que não a deu porque a consumação da separação não foi finalizada.

É uma prova substancial de que os farroupilhas queriam permanecer católicos, não-maçônicos (um pequeno grupo, liderato por Garibaldi era maçônico e anticlerical). Após a pacificação do Rio Grande, o Império e a Santa Sé confirmaram o desejo dos farroupilhas em ter uma diocese, e a criou em Porto Alegre; muitos sacerdotes farroupilhas, como padres Fidêncio, Lobato e Caldas, foram confirmados, depois da paz, como sacerdotes no RS, e distinguiram-se como construtores de igrejas e apóstolos vigorosos, mesmo durante a guerra.

Um padre farroupilha, Pe. Lobato foi, após a guerra, secretário do bispo.

Um outro sacerdote farroupilha, Pe. Hildebrando, pároco de Bagé, morreu com a odor de santidade.

Gaúcho: forjado em Pólvora e Sangue

Por Dr. Rafael Vitola Brodbeck
Delegado de Polícia em Santa Vitória do Palmar

Há 177 anos, um grito independentista consolidava a epopéia de uma nação. Longe de ser uma revolta contra o Brasil, a afirmação de um sentimento de amor ao pago, desprezado, já naquela época, pelo poder central, a Revolução Farroupilha inscreve-se na história como o manancial de onde brotam as águas vivas a banhar a alma pampeana.

É bem verdade que o gaúcho não nasceu em 1835, e que, antes da dita Revolução, outras guerras o acompanhavam. Podemos, de fato, dizer que, desde a gênese desse centauro das planícies da América do Sul, as escaramuças lhe fizeram escolta. O gaúcho, seja o riograndense, seja o rioplatense, vive e se alimenta dos combates. Na Argentina, no Uruguai ou no Rio Grande, o gaúcho se vê, sempre, às voltas com a guerra: ou dela participa, ou dela descansa, ou para ela se prepara, quando dela não cura as feridas.

E na história de cada um dos três povos gaúchos – ou um só povo gaúcho sob três bandeiras –, o derramamento de sangue, por vezes injusto, mas, na maioria delas, cercado e abastecido por um valor maior, se viu não só vivamente presente como cantado em poesias e payadas, a rememorar seu passado ibérico na luta contra o mouro invasor.

Se ao gaúcho argentino ou uruguaio outras lutas falam mais alto, e se mesmo ao gaúcho do sul do Brasil pelejas anteriores não lhe deixam de marcar o lombo, foi, certamente, a Guerra dos Farrapos a que mais calou fundo em nossa alma. Já tínhamos, os riograndenses, tantos sinais das investidas bélicas desde o aparecimento na pampa desse vaqueano, misto de índio, negro, português e espanhol: recorridas pelo estabelecimento das fronteiras, defesa das estâncias, e, é triste constatar, duelos fratricidas, forjaram o espírito gauchesco. E isso a tal ponto que mesmo a técnica campeira das fazendas é um arremedo da guerra, e o peão não deixará sua faca e seu revólver nem mesmo na visita ao bolicho ou no namoro de porteira. A estância era o castelo feudal dos nossos campos, e os campesinos os soldados sempre prontos a cumprir seu dever de lealdade pelo patrão. A vida civil, se existia no Rio Grande e nos países do Prata, era apenas o interstício entre duras pugnas. O tilintar das espadas, o estouro dos canhões, as cargas de cavalaria, são, para o gauchismo, a sinfonia que rege sua vida e acompanha o desdobrar dos acontecimentos mais importantes do estabelecimento de sua pátria.

O militarismo, pois, faz parte da vida do homem sulino, ainda que seja paisano. Até os esportes por aqui são imitação da batalhas: que o diga o estilo aguerrido de jogar futebol, ou o fato de chamarmos aos uniformes dos jogadores “fardamento”, ou indicarmos que a função do goleiro é atacar – até a defesa, que é a atividade do goleiro, se torna um ataque, bem típico de um povo ativo e altivo.

Não se menospreze, entretanto, por isso, o poder mítico do decênio heróico. De 1835 a 1845, o Rio Grande de São Pedro, ao pegar em armas contra um centralismo absolutamente incompatível com as tradições cristãs de subsidiariedade e auto-afirmação dos povos, não inaugura, é verdade, nossas guerras nem funda o gaúcho. Todavia, fixa na mentalidade do sul-riograndense seus mais altos ideais. A Revolução Farroupilha é a síntese de todas as guerras da pampa. Se não cria o gauchismo, o consolida, marca profundamente sua cerviz. Todas as batalhas de antes e todas as lutas que virão – e não serão poucas, como atestam os sangrentos combates de 1893 e 1923, e até mesmo a unificação das forças políticas do Estado para a vitória montada a cavalo de 1930 –, conectam-se, indissoluvelmente, ao manifesto farrapo.

É a Guerra de 35 que molda o gaúcho, é ela que se torna o combate por antonomásia. Sem ela, o gaúcho existiria, como, de fato, já existia. Sem ela, o gaúcho lutaria, como, de fato, já lutava. Igualmente sem ela, porém, ele, ao menos o gaúcho brasileiro, não seria o que é hoje, e lhe faltaria no peito um coração como o que bate, tal qual um bumbo legüero, ao contemplar, hasteado, o pavilhão tricolor e, cintilando, a chama que se inflama nas centelhas dos galpões Rio Grande afora!

Viva o 20 de Setembro! Viva a liberdade do povo gaúcho! Que nossa glória e sangue sejam a exaltação da pátria e o orgulho do Brasil!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Vocação história da Província de São Pedro


Por Dr. Rafael Vitola Brodbeck - Delegado de Polícia
Nossa abençoada terra gaúcha é destinada por Deus a protagonizar uma legítima contra-revolução cultural. Por sua história virtuosa, cumpre ao Rio Grande responder com altivez e generosidade o chamado para cumprir sua singular vocação!

Fundado sobre o vigor apostólico dos jesuítas missioneiros, que não hesitaram em organizar os nativos para sua civilização e para a plantação de valores morais e religiosos autenticamente cristãos, nosso Continente de São Pedro tem diante de si a contemplação de seu passado para melhor conduzir o presente rumo a um futuro onde a Cristandade e os verdadeiros pilares da virtude alicercem o modus vivendi de toda a nação brasileira. Como a batalha de Guararapes formou a civilização brasílica, as guerras nas quais moldamos nossos heróis, por seu sangue, sofrimento, perdas e vitórias, implantaram como que fundamentalmente na alma do gaúcho o desejo de doar sua vida para realizar a missão encomendada pela Providência.

Ainda que com legítimas adaptações ao jeito de ser do campeiro, a cultura reinante no Rio Grande, tipicamente européia, nos forneceu uma ampla formação humanística e católica. Primando pela sacralização das estruturas temporais, tudo remetendo a Deus, a despeito das penetrações ideológicas iluministas, maçônicas e positivistas, que tentaram – infelizmente com algum sucesso – incutir o laicismo, o racionalismo anticristão e o relativismo entre o povo rio-grandense, sempre o espírito de luta, mesmo que por vezes com objetivos equivocados, e o sentimento de defesa da pátria e dos ideais, foram o norte a apontar o caminho por onde nossa raça deveria triunfar. A vontade aguerrida dos farroupilhas, que fundaram seu movimento inicialmente sem pretensões separatistas, e que aceitando, em 1845, submeter-se à Coroa Imperial, não o fizeram por covardia ou rendição, senão com a firme esperança de ter seus objetivos maiores alcançados, deve servir de espelho para que analisemos a atitude de nossa geração. Temos de mirar o heroísmo dos gaúchos que não mediram dificuldades ao defender as fronteiras do Brasil, desde as pelejas pela posse e demarcação do território até a guerra contra o despotismo do cruel ditador paraguaio, Solano Lopez.

Ao lado dos perniciosos ares liberais, ventilados pelo agnosticismo – espécie de ateísmo prático, covarde e sem compromisso – e por todos que se opunham à autêntica Civilização Católica, sobrevivia, no pretérito de nossas plagas, uma inexpugnável mentalidade sadiamente conservadora, hierárquica, e, por isso mesmo, cristã.

Amálgama de indígenas guerreiros e determinados, cultores da liberdade, mas que aprenderam com sabedoria o valor de uma sociedade civilizada; de valentes espanhóis, descendentes de cruzados e cavaleiros andantes, marcados na alma com as glórias da Reconquista contra os mouros; e de intrépidos portugueses que ousaram assenhorear-se dos oceanos para o bem da humanidade, o tipo inicial do gaúcho é vocacionado a protagonizar a batalha pela retomada de valores sagrados, e impregnar com eles todos os aspectos de sua vida.

Da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, há de se ouvir o clarim incitando ao combate... E que todos os que se julgam corajosos ouçam a trombeta sem pestanejar, honrando a tradição de tantos soldados destemidos com os quais presenteamos nosso amado país!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Para quem deve governar um prefeito?


É recorrente em períodos eleitorais alguns candidatos apresentarem uma dicotomia, entre o governante ruim que  governa para as elites (especialmente no sentido econômico) e o governante bom, a alternativa ao mal, aquele que governaria para os trabalhadores. Ora, na Câmara dos Vereadores, é compreesível que haja vereadores que desejem representar mais especificamente um setor da sociedade... geralmente, um enfermeiro irá se candidatar para lutar por melhoriais em hospitais e postos de saúde, a professora para batalhar por melhores condições de trabalho e estudo nas escolas, etc. Mas tal discurso não cabe em um candidato a Prefeitura. O Prefeito, na qualidade de chefe do Poder Executivo Municipal, deve ser o líder, aquele que governa (embora geralmente tenha sido votado pela maioria e não por unanimidade) em nome de todos os cidadãos do Município. Deve ser, no âmbito local, aquele que equilibra os vários componentes da Cidade, aquele que, embora represente um partido e sua bandeira, enquanto está a frente de seu gabinete, é o Prefeito de toda a Cidade, devendo governar para todos.
Claro que um Prefeito geralmente estará mais ligado a um grupo do que aos outros, mas deve ter sempre ciência (também deve tê-la o eleitor!) de que não é Prefeito somente dos coligados ou dos que o elegeram, mas de todo o Município, devendo portanto governar em proveito do Bem Comum e não ser um catalisador dos conflitos e divergências internas. Em sínetese: o Prefeito não deve ter uma mentalidade de "luta de classes" que, além de gritantemente anacrônica, nada faz além de dividir os cidadãos e aumentar as tensões. Nada resolve.
Essas reflexões me vieram a mente depois de ver em um debate um candidato a prefeito repetir inúmeras vezes que pretendia fazer um governo "para os trabalhadores". Ora, se uma oligarquia das elites é uma perversão da busca do Bem Comum na sociedade, igualmente o é uma demagogia do proletariado (se é que ainda se pode falar nesse termo, dado que nossa sociedade é muito mais complexa e heterogênea do que aquela da Revolução Industrial oitoscentista), demagogia essa que nada faz além de transformar os trabalhadores em massa de manobras do Estado e das ideologias.

A educação integral em pauta nas eleições municipais 2012

Assistindo o horário eleitoral, percebi que vários candidatos defendem a educação pública em período integral. Acho que a educação integral é uma opção válida e salutar, mas sou contra a imposição dela como obrigatória pelo Estado, dado as diferentes circunstâncias de cada contexto, bem como a liberdade e pluralidade de métodos garantida pela Constituição. Ademais, qualquer medida em prol da educação que não priorize a melhoria da qualidade (o que não significa necessariamente mais horas ou conteúdos) e uma educação livre do mainstream ideológico (quem leciona História sabe bem o que isso quando analisa os livros didáticos!) se revelará obsoleta e mera política de fachada.
A recente política de 50% de Cotas em Universidades públicas, aprovada pelo Senado e sancionada pela Presidente da República mostra claramente a tendência demagógica do governo usar-se de números e estatísticas educacionais para se promover enquanto a qualidade do ensino universitário é denegrida, o investimento e a qualidade da escola pública relegado ao esquecimento e todo o sistema de ensino se direcionando cada vez mais para um controle de natureza ideológica e esquerdopata.
Uma educação de fachada, um crime contra a inteligência, o anseio de saber e a capacidade de todos os brasileiros! O dever da educação é primordialmente dos pais, das famílias, devendo o Estado atuar na educação de forma subsidiária. Isso acarreta o direito, da parte dos pais, de escolherem para os filhos as escolas e métodos pedagógicos que julgarem mais apropriados para a formação de seus filhos. Assim, é necessário que o Estado garanta essa pluralidade de métodos e o protagonismo das famílias, a fim de que nossa educação seja verdadeiramente livre e formadora de consciências e não apenas marionetes stalinistas.
Ficai atentos nessas eleições para as propostas educacionais dos candidatos! Procurai saber que tipo de educação eles defendem quando dizem o já esganiçado clichê de "promover e melhorar a educação"!