quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Herodes e o massacre dos inocentes


Herodes sabia que era impopular entre os judeus. Perto de sua morte, havia mandado matar um grupo de homens ilustres e notáveis de Jericó para garantir que houve luto na Judéia quando falecesse (Cf. Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas 17, cap. 6, v. 174-175). Por ter se tornado rei da Judéia por meio de guerras, intrigas e usurpação, Herodes vivia sob o temor de perder o trono que havia roubado dos monarcas da dinastia hasmonéia. Assim, as profecias sobre a vinda do Messias, o rei que Deus enviaria a Seu Povo, o perturbavam tremendamente. Ao ficar sabendo de rumores sobre o nascimento de Cristo por meio dos magos do Oriente, Herodes busca tramar o assassinato do recém-nascido. O plano frustrado, haja vista os magos não terem lhe informado sobre o achamento do rei nascido, irritou Herodes que, para garantir que seu potencial rival seria eliminado, mandou matar todos os meninos que tivessem de 2 anos de idade para baixo na cidade de Belém (Mt 2, 16-18). A Igreja honrou esses pequeninos como mártires, porque morreram no lugar de Cristo e o motivo de sua morte foi unicamente o ódio a Jesus. Mesmo com todo o abuso de seu poder, Herodes não conseguiu frustrar os desínignios da Divina Providência.
É triste, contudo, percebermos que a lógica de Herodes ainda vive em nossos tempos: para manter seu egoísmo, o homem é capaz de passar por cima de qualquer um. Vemos isso claramente nas ideologias políticas que com suas novas idolatrias (Estado, Raça, Nação, Povo, Bem-estar social) estão deturpando o conceito de Dignidade Humana e promovendo massacres de proporções maiores que o massacre levado a cabo pelos soldados de Herodes em Belém da Judéia. Herodes promoveu a matança para conservar seu poder ilegítimo: hoje os governos autorizam a matança para satisfazer a sede de prazer e comodismo de seus governados. A vida humana, que custou o sangue de Deus humanado, foi rebaixada ao valor de uma medíocre vivência de comodismo material. Defende-se hoje o aborto sob a bandeira da liberdade. Pode haver liberdade se o direito fundamental à vida, que é base de todos os demais, não for assegurado? Pode o inocente ser punido de morte? O espectro de Herodes nos rodeia, mas a Igreja continua seu martíro, seu testemunho, contra os homens que querem se colocar no lugar de Deus.
Hoje, em que lembramos o martírio dos inocentes de Belém, lembremo-nos também da vida humana e de seu valor. Rezemos para que Deus receba em seu seio as crianças abortadas e rezemos também pela conversão dos que perpetuam esses males. E continuemos combatendo as novas idolatrias e defender a dignidada da pessoa humana, criada à Imagem e Semelhança do único e verdadeiro Deus!

"Aqueles, enfim, que têm o supremo governo das nações e o poder legislativo não podem licitamente esquecer-se de que é dever da autoridade pública defender a vida dos inocentes com leis oportunas e sanções penais, tanto mais quanto menos se podem defender aqueles cuja vida está em perigo e é atacada, entre os quais ocupam, sem dúvida, o primeiro lugar as crianças ainda escondidas no seio materno. Se os magistrados públicos não só não defenderem essas crianças mas, por leis e decretos, as deixarem ou até entregarem a mãos de médicos ou de outros para serem mortas, lembrem-se de que Deus é juiz e vingador do sangue inocente, que da terra clama ao céu (Cf. Gn 4, 10)." (Papa Pio XI. Encíclica Casti Conubii, n. 67)


Santos Inocentes, rogai por nós!

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