É dogma da Igreja que a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi elevada aos Céus de Corpo e Alma. Tal privilégio está intimamente ligado à sua Imaculada Conceição, bem como à sua maternidade Divina. Convinha que a Virgem Imaculada não sofresse a corrupção do sepulcro que os homens sofrem devido ao pecado (muito embora tenha morrido, para se assemelhar mais ao seu Divino Filho) e que como Tabernáculo do Deus Vivo, continuasse a estar junto à Sua Presença após sua morte. Pelo fato de ser Mãe de Deus, a Virgem foi honrada e amada por Cristo como santo e perfeitíssimo observante dos mandamentos que Ele é. Assim que, sendo Jesus Cristo Deus Onipotente, não há porque pensar que não concederia a Sua Mãe o privilégio de ser ressuscitada e elevada à Sua Presença antes da corrupção do sepulcro. Tal é o parecer de S. Francisco de Sales ao explicar que todo filho ressuscitaria sua mãe e a impediria de ser corrompida pelos vermes se o pudesse fazê-lo.
A Assunção da Virgem pode ser deduzida de algumas passagens implícitas da Sagrada Escritura, mas especialmente no Apocalipse, quando o Apóstolo São João vê a Virgem glorificada e coroada de estrelas, bem como quando a vê com asas sendo levada aos Céus para longe do Dragão.
A dormição (morte suave) e assunção da Santíssima Virgem é celebrada pela Liturgia da Igreja já desde o século IV, tendo sido celebrada primeiramente no Oriente. Os textos litúrgicos dessa festa demonstram com clareza que a dita solenidade não comemorava apenas a elevação da alma da Virgem aos Céus, mas também de seu corpo glorificado. Já na Antiguidade Tardia essa festa fora elevada como uma das principais solenidades litúrgicas da Virgem e na Alta Idade Média o Papa S. Nicolau I escrevera aos búlgaros afirmando que a Vigília e o jejum nessa festa era antigo costume na Igreja Romana. Há também o fato de que o mistério da Assunção já era contemplado também na recitação do Rosário, devoção essa sempre aprovada e promovida pela Sé Apostólica.
Os Santos Padres também referenciam-se várias vezes a essa verdade da assunção, lembrando que esta era conveniente à dignidade excelsa da Mãe de Deus e também uma forma de fazê-la participar mais intensamente da vida de Seu Filho.
"Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus." (São João Damasceno, século VII. Encomium in Dormitionem Dei Genetricis semperque Virginis Mariae, hom. II, 14; cf. também ibid. n. 3)
"Vós [Maria], como está escrito, aparecestes 'em beleza'; o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus de forma que até por este motivo foi isento de desfazer-se em pó; foi, sim, transformado, enquanto era humano, para viver a vida altíssima da incorruptibilidade; mas agora está vivo, gloriosíssimo, incólume e participante da vida perfeita" (São Germano de Constantinopla, século VII. In Sanctae Dei Genitricis Dormitionem, sermo 1.)
No Ano Santo de 1950, o Papa Pio XII definiu a doutrina da Assunção como dogma, nos seguintes termos: “[...]com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial.” (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, n. 44)
A Assunção é primeiramente um privilégio concedido por Deus à sua Mãe para que fosse dignamente honrada em vista de sua Imaculada Conceição e de sua Divina Maternidade, para que continuasse próxima a Seu Divino Filho e assim se unisse a Ele de forma mais plena e perfeita. Mas também, é uma lembrança da ressurreição que aguarda os justos no Dia do Juízo. Assim, a Assunção era conveniente por causa da excelsa Dignidade que Jesus Cristo designou para Sua Mãe, bem como para fomento da esperança dos cristãos e para dilatação de sua fé na ressurreição da carne.
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