quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ensaio sobre tolerância


"Tolerância" é o grande mote das relações sociais de nossos tempos. A palavra soa como uma fórmula mágica, portadora de promessas de uma paz terrena que soa quase escatológica. O embasamento dessa noção de tolerância é o argumento do pluralismo. Contudo, como escreve o Arcebispo da Filadélfia, Charles J. Chaput em seu livro Render unto Caesar, o pluralismo é um fator demográfico e não uma ideologia, filosofia ou culto secular. Portanto, pulralismo não refere-se ao âmbito teórico, de uma crença, mas ao âmbito prático e moral. Assim, devemos tolerar e conviver no âmbito civil com pessoas que pensem ou tenham hábitos diferentes do que os nossos. Mas isso não implica em fingir que não hajam discordâncias ou calar essas discordâncias. Em outras palavras, é saber divergir sem levar para o lado pessoal. É próprio da mentalidade infantil transformar toda discordância em uma questão pessoal e querer resolver a mesma em uma briga física. O Arcebispo Chaput referia-se mais propriamente às crenças religiosas, mas podemos extender seu raciocínio às concepções de comportamento e moralidade também.
A noção moderna de "tolerância" só se aplica às teses progressistas, mas as opiniões conservadoras são proscritas dessa mesma lógica. Quando uma pessoa expressa uma tese conservadora, logo é acusada de estar promovendo o extermínio ou a violência contra os que discordam da tese enunciada. Basta vermos as reações que provocam as pregações do Papa em defesa da família ou da dignidade humana: chegam a adjetivar o Romano Pontífice de nazista e até mesmo de "genocida em potencial". Nada mais infantil. Vamos deixar de ser crianças e encarar as coisas com seriedade: o mundo moderno confunde tolerância com complacência. Tolerar o outro não significa aceitar como certo tudo aquilo que o outro faz ou prega e muito menos significa ser obrigado a calar-se acerca de tal discordância, oras!

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