domingo, 1 de janeiro de 2012

A maternidade divina de Maria por São Cirilo de Alexandria


“Muito me admiro de que haja quem duvide se efectivamente a Virgem Santíssima deve ser chamada Mãe de Deus. Na verdade, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo é que a Virgem Santíssima, que O deu à luz, não há-de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos transmitiram, embora não usassem esta mesma expressão. Assim nos ensinaram também os santos Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, no livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, na terceira dissertação a cada passo dá à Santíssima Virgem o título de Mãe de Deus.
Sinto-me obrigado a citar aqui as suas próprias palavras, que são do teor seguinte: «A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem como finalidade e característica afirmar de Cristo, nosso Salvador, estas duas coisas: que é Deus e nunca deixou de o ser, uma vez que é o Verbo do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós Se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus».
E continua assim pouco mais adiante: «Houve muitos que foram santos e livres de todo o pecado: Jeremias foi santificado desde o seio materno; e também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria, ao ouvir a voz de Maria, Mãe de Deus». Estas palavras são de um homem inteiramente digno de fé, a quem podemos seguir com toda a confiança, pois seria incapaz de pronunciar uma só palavra contrária à Escritura divina.
E de facto a Escritura, inspirada por Deus, afirma que o Verbo Se fez carne, isto é, Se uniu a uma carne dotada de uma alma racional. Por conseguinte, o Verbo de Deus assumiu a descendência de Abraão e, ao formar para Si um corpo vindo de uma mulher, fez-Se participante da carne e do sangue. Deste modo, já não é somente Deus, mas também homem semelhante a nós, em virtude da sua união com a nossa natureza.
Portanto o Emanuel, Deus-connosco, consta de duas realidades: divindade e humanidade. Mas é um só Senhor Jesus Cristo, um só verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, como aqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, por causa da nossa salvação, Se fez visível em forma humana, como também testemunha São Paulo com estas palavras: Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sob o jugo da Lei e nos tornar seus filhos adoptivos.”


São Cirilo de Alexandria, Bispo e Doutor da Igreja, século V. Epistola 1, PG 77, 14-18. 27-30. Extraído de: http://coracaocristao.blogspot.com/2011/06/sao-cirilo-de-alexandria-e-divina.html

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O valor da família


Hoje na festa da Sagrada Família, lembremos que Jesus Cristo sendo Deus quis ao fazer-se homem nascer no seio de uma família humana. Como homem, Jesus deveria ensinar-nos o perfeito cumprimento dos mandamentos, dentre os quais o IV, honrar pai e mãe. Dos seus 33 anos de vida terrena, Jesus dedicou 30 deles a vida em família. Isto denota a importância que Deus dá a família, que Ele instituiu como base das comunidades e sociedades humanas. Hoje é um dia, portanto, para lembrarmo-nos do valor da família, célula mater da sociedade. A Igreja sempre defendeu a família, mas especialmente em nossos dias em que funestas ideologias tentam dar ao Estado os direitos e deveres inalienáveis da família!

“Precisamente porque a família é o elemento orgânico da sociedade, todo atentado perpetrado contra ela é um atentado contra a humanidade. Deus pôs no coração do homem e da mulher, como instinto inato, o amor conjugal, o amor paterno e materno, o amor filial. Por conseguinte, querer arrancar e paralisar este tríplice amor é uma profanação que por si mesma horroriza e leva à ruína a pátria e a humanidade”. (Papa Pio XII)


Sagrada Família de Nazaré, protegei e santificai todas as famílias do mundo!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

São Thomas Becket, mártir da Libertas Ecclesiae


Thomas Becket, Arcebispo da Cantuária, foi assassinado a golpes de espada e machado por 4 cavaleiros do rei Henrique II nos degraus da Catedral da Cantuária em 29 de dezembro de 1170, quando celebrava um ofício litúrgico. Acredita-se que a ordem do assassinato tenha partido do próprio rei da Inglaterra, haja vista que posteriormente o mesmo acabou fazendo penitência pública para expiar a culpa pela morte do santo arcebispo. Mas qual o motivo da morte de São Thomas Becket? A defesa intransigente da libertas Ecclesiae, da liberdade de atuação da Igreja. Com o crescimento da Santa Igreja, muitas vezes os poderes seculares buscaram destruir ou controlar a sua atuação. O rei Henrique II queria controlar o clero de seu reino e diminuir a influência da Sé Romana sobre o mesmo. São Thomas colocou-se ao lado dos direitos da Igreja, combatendo a política do monarca inglês e por isso acabou perdendo a vida.
Ainda hoje há muitos que desejam controlar ou liquidar a atuação da Igreja, sob a ideologia do laicismo, que visa esconder a profissão de fé religiosa ao âmbito privado. A Igreja, dizem, não poderia se imiscuir na política. Contudo, a Igreja tem o dever de pregar sempre a moral e a moral não se separa da política, haja vista que nossa conduta em qualquer âmbito deve ser regida pela moral. Hoje a Igreja continua sendo perseguida por combater as ideologias polítcas contrárias à dignidade humana, o laicismo, etc. E assim o será até a consumação do Século. Que pela intercessão de São Thomas Becket possa o Senhor conceder aos Bispos, aos demais clérigos e a todos os fiéis a fortaleza de servir antes a Deus que aos homens (At 5, 29)!


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Herodes e o massacre dos inocentes


Herodes sabia que era impopular entre os judeus. Perto de sua morte, havia mandado matar um grupo de homens ilustres e notáveis de Jericó para garantir que houve luto na Judéia quando falecesse (Cf. Flávio Josefo. Antiguidades Judaicas 17, cap. 6, v. 174-175). Por ter se tornado rei da Judéia por meio de guerras, intrigas e usurpação, Herodes vivia sob o temor de perder o trono que havia roubado dos monarcas da dinastia hasmonéia. Assim, as profecias sobre a vinda do Messias, o rei que Deus enviaria a Seu Povo, o perturbavam tremendamente. Ao ficar sabendo de rumores sobre o nascimento de Cristo por meio dos magos do Oriente, Herodes busca tramar o assassinato do recém-nascido. O plano frustrado, haja vista os magos não terem lhe informado sobre o achamento do rei nascido, irritou Herodes que, para garantir que seu potencial rival seria eliminado, mandou matar todos os meninos que tivessem de 2 anos de idade para baixo na cidade de Belém (Mt 2, 16-18). A Igreja honrou esses pequeninos como mártires, porque morreram no lugar de Cristo e o motivo de sua morte foi unicamente o ódio a Jesus. Mesmo com todo o abuso de seu poder, Herodes não conseguiu frustrar os desínignios da Divina Providência.
É triste, contudo, percebermos que a lógica de Herodes ainda vive em nossos tempos: para manter seu egoísmo, o homem é capaz de passar por cima de qualquer um. Vemos isso claramente nas ideologias políticas que com suas novas idolatrias (Estado, Raça, Nação, Povo, Bem-estar social) estão deturpando o conceito de Dignidade Humana e promovendo massacres de proporções maiores que o massacre levado a cabo pelos soldados de Herodes em Belém da Judéia. Herodes promoveu a matança para conservar seu poder ilegítimo: hoje os governos autorizam a matança para satisfazer a sede de prazer e comodismo de seus governados. A vida humana, que custou o sangue de Deus humanado, foi rebaixada ao valor de uma medíocre vivência de comodismo material. Defende-se hoje o aborto sob a bandeira da liberdade. Pode haver liberdade se o direito fundamental à vida, que é base de todos os demais, não for assegurado? Pode o inocente ser punido de morte? O espectro de Herodes nos rodeia, mas a Igreja continua seu martíro, seu testemunho, contra os homens que querem se colocar no lugar de Deus.
Hoje, em que lembramos o martírio dos inocentes de Belém, lembremo-nos também da vida humana e de seu valor. Rezemos para que Deus receba em seu seio as crianças abortadas e rezemos também pela conversão dos que perpetuam esses males. E continuemos combatendo as novas idolatrias e defender a dignidada da pessoa humana, criada à Imagem e Semelhança do único e verdadeiro Deus!

"Aqueles, enfim, que têm o supremo governo das nações e o poder legislativo não podem licitamente esquecer-se de que é dever da autoridade pública defender a vida dos inocentes com leis oportunas e sanções penais, tanto mais quanto menos se podem defender aqueles cuja vida está em perigo e é atacada, entre os quais ocupam, sem dúvida, o primeiro lugar as crianças ainda escondidas no seio materno. Se os magistrados públicos não só não defenderem essas crianças mas, por leis e decretos, as deixarem ou até entregarem a mãos de médicos ou de outros para serem mortas, lembrem-se de que Deus é juiz e vingador do sangue inocente, que da terra clama ao céu (Cf. Gn 4, 10)." (Papa Pio XI. Encíclica Casti Conubii, n. 67)


Santos Inocentes, rogai por nós!

Os Santos Inocentes em uma Iluminura Manuelina


Página do Livro de Horas do rei Dom Manuel I de Portugal (1495-1521), produzido em finais de seu reinado, representando o Massacre dos Santos Inocentes de Belém pelos soldados do rei Herodes.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Iluminuras de Natal

Iluminuras do Livro de Horas do Duque de Berry (les trés riches heures de Duc de Berry), c. 1410, retratando o Nascimento de Cristo (Folio 44v) e a Missa do dia de Natal (Folio 158r):



I Sermão de Natal de São Leão Magno: a alegria do Natal


"Caríssimos: Nasceu hoje o nosso Salvador; alegremo-nos. Porque não é permitido haver tristeza, quando nasce a vida, a qual acabando com o temor da morte, nos infunde a alegria com a promessa da eternidade. E ninguém é excluído da participação desta alegria. Todos têm igual motivo de se alegrarem, porque nosso Senhor, destruidor do pecado e da morte, assim como não encontrou ninguém livre de culpa, do mesmo modo veio a todos libertar. Exulte o Santo porque se aproxima do triunfo; alegre-se o pecador porque é convidado ao perdão; tenha ânimo o gentio, porque é chamado para a vida. Com efeito, o Filho de Deus, na plenitude do tempo estabelecido pela imperscrutável profundeza do conselho divino, assume, para reconciliar com o seu autor, a natureza do gênero humano, a fim de que o demônio inventor da morte fosse vencido por aquela natureza, que ele primeiro havia vencido. Ó grande mistério e admirável sacramento, verem os animais ao Senhor nascido deitado no presépio. Bem Aventurada a Virgem cujas entranhas mereceram trazer o Cristo Senhor. Ave Maria, cheia de graça, O senhor é contigo, Bem Aventurada."


Extraído de: http://promariana.wordpress.com/2010/12/24/sermao-de-sao-leao-papa-1%C2%BA-sermao-de-natal/